2 - Ano XCVII • NÀ 213
Diário Oficial do Estado de Pernambuco - Poder Executivo
Recife, 14 de novembro de 2020
F•••: M••••• D!"#•
Josely,
a técnica em
enfermagem
que ama
cuidar de
pessoas
“Cuidamos
dia e noite do
amor de outras
pessoas, enquanto
deixamos quem
amamos em casa”
P•• F•$%!• &" O•!%"!••
A
técnica em enfermagem Josely Catherine Gomes de Oliveira, 40 anos, leva sempre
consigo a frase do indiano
Mahatma Gandhi: “Quem
não vive para servir, não
serve para viver”. Assim
que passou a frequentar o
Ministério de Visita aos Enfermos, na época, levado à
frente por uma Igreja Batista, teve ainda mais certeza
da verdade contida naquele
pensamento e, também, de
sua missão. Duas vezes, tentou realizar o sonho de infância de ser médica, mas o
vestibular muito competitivo e uma base escolar frágil
atrapalharam a conquista. O
plano de cuidar, ajudar e aliviar o sofrimento alheio, no
entanto, continuou pulsando firme. Era como um chamado. E ela atendeu. Resolveu ingressar no curso de
auxiliar de enfermagem em
1998, aos 18 anos.
“Quando fiz o curso de
auxiliar de enfermagem,
me identifiquei ainda mais
com a profissão. Sempre falo que está em minhas veias
e nunca mais deixei de servir às pessoas”, reflete Josely. Desde 2006, por meio
de concurso público, Josely Catherine está lotada
no Pronto-Socorro Cardiológico de Pernambuco Professor Luiz Tavares, da Universidade de Pernambuco
(Procape-UPE), no bairro de
Santo Amaro, Centro do Recife. Lá, atua na Unidade de
Terapia Intensiva (UTI) para adultos, onde faz controle
de medicação, banho e dieta de pacientes. A profissional também atuou no Hospital da Restauração e no
Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros
(CISAM-UPE), ambos na
Capital.
Em abril, considerado um
dos meses mais críticos da
pandemia da Covid-19 em
Pernambuco, a enfermeira
vivenciou um momento difícil. Assim como outros profissionais da área, contraiu
o novo coronavírus. O afastamento ocorreu logo após
a percepção dos primeiros
sintomas. Apreensiva para retornar ao Procape depois de 14 dias de isolamento em casa, tempo estimado
pelas autoridades sanitárias
para evitar novos contágios,
Josely cogitou a ideia de renunciar depois de dezoito
anos de profissão.
O pensamento foi tomado pelo amor ao que faz.
Com sintomas considerados
leves, como perda do paladar e olfato, tosse e falta de
apetite, a enfermeira travou
uma luta emocional por medo de contaminar as duas fi-
lhas adolescentes e o marido, que saíram ilesos da
contaminação pelo vírus.
Além de ter ficado consternada por causa das mortes
de colegas de profissão contaminados pela Covid-19.
Depois da experiência,
Josely passou a compreender muito mais o valor da
profissão e a reconsiderar
o significado da vida e das
pessoas. “Devemos viver o
hoje intensamente, porque o
amanhã é improvável. Amar
mais, sorrir mais, elogiar
mais. Valorizar a vida. Porque os bens materiais não
têm valor se comparados ao
dom de viver, uma vez que o
dinheiro não compra saúde
e momentos com as pessoas
que amamos”, reflete.